No Brasil, setembro é o mês da Bíblia. A Igreja propõe que o católico se aproxime mais da Palavra de Deus nestes trinta dias, através da leitura para conhecimento e aprofundamento dos ensinamentos do Senhor. Há uma canção bastante conhecida, que pode nos ajudar nesse propósito: “A Bíblia é a Palavra de Deus semeada no meio do povo, que cresceu, cresceu e nos transformou, ensinando-nos viver um mundo novo.”
A primeira parte da Missa é a Liturgia da Palavra, em que Deus nos fala. É um momento importantíssimo, quando nós ouvimos atentamente às leituras, salmo e evangelho. O celebrante medita tudo o que escutamos, trazendo para hoje o que foi ensinado e escrito há milhares de anos. Como é possível algo tão antigo ser tão atual? Deus é eterno, ele já existia antes de nós existirmos! Ele é a verdade, que nos foi revelada através de Cristo, mas essa verdade já existia antes de Jesus se encarnar, antes de nós aprendermos a ler e escrever. A Palavra é vida: foi, continua sendo e sempre será semeada, com a graça de Deus!
Se ‘a Bíblia é a Palavra de Deus semeada no meio do povo’, ela deverá crescer e transformar esse povo, para que viva um mundo novo. Que povo é esse? Que mundo é esse? Nós, o povo de Deus, que a ouvimos nas celebrações, lemos e meditamos em casa, nos grupos de oração etc. Precisamos pegar este mundo maravilhoso que o Pai Eterno nos deixou e que nós o corrompemos, e transformá-lo, todos os dias, em um lugar renovado e melhor. Mas, como? Cada um fazendo a sua parte, onde quer que se encontre. Temos que dar testemunho cristão na família, cultivando um relacionamento fraterno; na comunidade de fé, colaborando nas obras do Reino; no trabalho e nos demais ambientes, desempenhando qualquer tarefa digna com habilidade e amor.
A Palavra de Deus semeada só cresce e transforma o mundo, se nós nos deixarmos ser transformados por ela primeiramente. A Bíblia é uma carta de amor do Pai Celestial para cada um de nós. Se dele recebemos ensinamentos, direcionamentos e muito amor, devemos ensinar, direcionar e amar cada pessoa, do jeito que Deus nos ama. Se não nos doarmos pelo outro, não há como transformar nada, nem viver um mundo novo, justo e fraterno. Desigualdades sociais gritantes existem há anos, mas se cada um fizer a sua parte para que todos tenham acesso a uma vida digna, é uma forma de viver um mundo novo, com justiça social, visando diminuir as desigualdades existentes.
Na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, em tempos tranquilos ou pandêmicos, no estado de guerra ou de paz, o cristão consciente é chamado, a todo momento, a denunciar tudo o que é contrário ao projeto de Deus, como injustiça e exclusão, mal e pecado. Não somente neste mês, mas todos os dias de sua vida. Somos convidados a ler e meditar o que o Senhor tem para nos falar, para que possamos experienciar seus ensinamentos. A Palavra é viva e ganha vida através de nós, os fieis cumpridores da vontade do Pai Celestial, que a fazemos crescer e a deixamos nos transformar para, juntos, trabalharmos em prol de um mundo renovado segundo a vontade de Deus para cada ser vivente.