Diante das novas possibilidades de comunicação e dos novos tipos de relacionamento que a mídia possibilita, a comunidade também interage de forma diferenciada com seus fiéis. O ser humano atual é informado e conectado, acessa dados e vive entre os espaços virtuais. A ausência de paróquia, nesses meios, é quase inconcebível.
Embora se use muito a palavra comunidade, muitas paróquias permitem uma vivência comunitária apenas por um grupo mais ligado à pastoral e ao pároco. Geralmente, são paróquias com grande extensão territorial e elevado número de pessoas que frequentam as celebrações. Essa compreensão de paróquia ainda está muito ligada a um espaço físico, mais fixo. Diante da mobilidade das pessoas e do fluxo das relações, esse modelo paroquial conhece certo saturamento.
A grande questão que se impõe não é como dizer as coisas, mas o que dizer. Para o Apóstolo Paulo, a dificuldade era como chegar às pessoas e aos povos, pois ele sabia o que devia ser dito. Atualmente, multiplicam-se os meios de comunicação e se fragmentam os conteúdos. Em cada nova etapa da história, a Igreja, impulsionada pelo desejo de evangelizar, só tem uma preocupação: Quem enviar para anunciar o mistério de Jesus? Em que linguagem anunciar esse mistério? Como conseguir que ressoe e chegue a todos os que devem escutar?
Na evangelização e na pastoral persistem linguagens pouco significativas para a cultura atual, especialmente para os jovens. A renovação paroquial não pode descuidar da mudança dos códigos de comunicação existentes em nossa sociedade com amplo pluralismo social e cultural. Buscar novos meios de comunicação, especialmente as redes sociais, para atrair os jovens é uma tarefa que depende muito da presença da juventude nas comunidades. Eles interagem facilmente nos ambientes digitais e conhecem espaços virtuais que desafiam nossa missão evangelizadora. É importante considerar que “a juventude mora no coração da Igreja”. Tal afirmação implica encontrar formas adequadas para anunciar o amor de Cristo aos jovens.
Também é importante promover uma comunicação mais direta e objetiva, sobretudo nas homilias alicerçadas na Palavra de Deus e na vida. Isso implica cuidar do conteúdo e das técnicas de comunicação. Vale também recordar que as reuniões de pastoral precisam de uma linguagem menos prolixa e de uma metodologia mais clara e envolvente. Há encontros que se delongam pela falta de objetividade e clareza.
Como comunidade querigmática, a paróquia deveria ter a ousadia de atrair para a fé cristã os que buscam a Deus, que se encontram dispersos pela sociedade atual. É fundamental não usar o proselitismo, mas evitar também a timidez que impede de proclamar que Jesus Cristo sacia toda sede humana de sentido e vida.
Comunidade missionária é comunidade acolhedora. Diante do grande número de batizados afastados da vida comunitária, é preciso exercer melhor a acolhida, dialogando e propondo caminhos para aqueles que se sentem distanciados do caminho. Contradiz profundamente a dinâmica do Reino de Deus e de uma Igreja em estado permanente de missão, a existência de comunidades cristãs fechadas em torno de si mesmas, sem relacionamento com a sociedade em geral, com as culturas, com os demais irmãos que também creem em Jesus Cristo e com as outras religiões. Muita gente procura os sacramentos, mas vive afastada da comunidade. Essa é uma importante oportunidade de aproximar os afastados. Uma mensagem mais direta e uma acolhida autêntica podem reunir aqueles que se sentem distantes.
Saber acolher a todos significa receber cada pessoa na sua condição religiosa e humana sem colocar, de imediato, obstáculos doutrinais e morais para a sua chegada. Trata-se de uma atitude misericordiosa da Igreja para com todos. Durante o caminho da fé, a pessoa será orientada a uma conversão e conhecerá a doutrina e a moral cristãs.
Dessa perspectiva nasce a necessidade de atitudes ecumênicas, capazes de promover a unidade com aqueles que receberam o mesmo batismo, que professam a mesma fé na Trindade, que acolhem Jesus como o Senhor e pautam sua vida de acordo com o Evangelho. A perspectiva ecumênica pode ser enriquecida quando a comunidade se reúne com outras confissões cristãs para rezar e meditar a Palavra de Deus. A Sagrada Escritura, assim, é um instrumento eficaz para alcançarmos aquela unidade que o Senhor Jesus deseja para toda a humanidade. As comunidades não perdem sua identidade no encontro com outros irmãos e irmãs que buscam a Deus de coração sincero.