“Então ele começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas e fosse rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei, fosse morto e três dias depois ressuscitasse” (Marcos 8, 31). Por mais que Jesus tenha falado que precisava passar pela morte e que ressuscitaria no terceiro dia, discípulos e apóstolos ficaram presos à cena da crucificação e parecem ter se esquecido das palavras ou não compreenderam o que dizia o Mestre de Nazaré, durante os três anos em que estiveram com ele. Maria, sua mãe e discípula, não foi ao sepulcro no terceiro dia, pois ela guardava tudo em seu coração, ou seja, ela estava ciente de que Jesus ressuscitaria porque o ouvia com atenção e o que não compreendia, ela aguardava Deus revelar no tempo dele. Por incontáveis vezes, nós necessitamos de um tempo para assimilar o que Jesus nos diz. Outras, precisamos estar atentos aos sinais que ele deixa em nossa vida. Não nos esqueçamos do que ele nos falou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?” (João 11, 25)
Jesus ressuscitou e está no meio de nós! Maria Madalena foi testemunha da ressurreição de Cristo, assim como os apóstolos Pedro e João. Eles viram o sepulcro vazio e acreditaram que Jesus ressuscitou, mesmo sem compreender. Hoje, você e eu somos testemunhas da ressurreição de Jesus. Mas, será que eu me alegro ou ainda fico triste, estagnada diante do Cristo Crucificado, sem contemplar a alegria do Cristo Ressuscitado? Eu acredito pela fé ou preciso colocar o dedo na chaga? Tomo posse da bênção que é viver uma vida plena em Jesus, renascendo para uma vida nova, ou permaneço aprisionada no sepulcro de meus pecados e vícios, das más inclinações e soberba? Jesus convida cada um de nós a experimentar a alegria do seu amor paciente e bondoso que tudo sofre, crê, suporta e espera. Aceite o convite e esteja aberto a fazer o reino de justiça, amor e paz acontecer hoje, em sua vida e na vida de seus semelhantes.
Páscoa significa passagem e celebramos a ressurreição de Jesus, sua vitória sobre a morte e sua passagem que transforma e renova nossa vida, a fim de que deixemos Jesus renovar tudo, a começar pelo nosso coração. Renovados, teremos ânimo e disposição para transformar as realidades em nossa volta, para ajudar os que se perderam a encontrar o caminho que leva ao Pai Eterno, para lutar por uma sociedade mais digna e justa, em que ninguém seja excluído. Que nossas boas obras levem a alegria do Ressuscitado a todos, especialmente aos pobres e marginalizados, aos enfermos e desesperançosos, pois todas as pessoas são amadas por Deus e merecem a alegria e a paz de Jesus em seus corações.
Não se deixe levar pela tristeza e pela angústia, pela ganância e pela arrogância, pela desconfiança e pela solidão, pelo medo e pelo preconceito, pelo ódio e pelo rancor. Não podemos viver plenamente restaurados se permanecermos relembrando e remoendo os maus momentos e as humilhações, ou se abraçarmos todo sofrimento pelos quais passamos sem pedir ou liberar perdão, sem nos colocarmos no propósito de ressignificar as experiências traumáticas de nossa vida. Não conseguiremos ressuscitar se permanecermos egoístas e mesquinhos, fofocando e mentindo, deixando-nos dominar por fanatismos e pelas más inclinações. Aprendamos a deixar os momentos dolorosos e difíceis do passado aos pés da cruz de Jesus, para que possamos caminhar com ele como novas criaturas, mais fortes emocional e espiritualmente. Deus remove pedras e pecados! Deus liberta, restaura e transforma! Quem crê na ressurreição de Jesus e caminha segundo suas orientações e seus ensinamentos, não se conforma em ir para o céu sozinho, pois quer levar todos a terem a alegria da comunhão com o ressuscitado: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2, 20).
Abençoada Páscoa!