No Brasil, quem deseja candidatar-se a um cargo executivo, ou seja, Presidente da República, Governador de Estado ou Prefeito, precisa registrar a candidatura no Tribunal Regional Eleitoral e apresentar um plano de governo, estabelecendo as metas que pretende executar, se eleito for. Assim, ele se compromete a apresentar tudo o que pretende fazer, quais ações e programas colocará em prática, a fim de que a população seja contemplada, pois ela deve ser o foco de todo gestor. Esse plano possibilita ao eleitor se informar sobre o que o candidato prioriza, quais políticas públicas pretende implementar, se é o aumento de leitos nos hospitais, a reestruturação das salas de aula, a pavimentação de vias, quais metas fiscais irá efetivar etc. Ciente do plano de governo, o eleitor votará no plano de governo do candidato que se comprometeu a fazer o que ele espera, para o bem de todos. Pelo menos, deveria ser assim…
Porém, constatamos que a maioria da população desconhece a existência de um plano de governo. Por desconhecer, nem imagina a seriedade que ele implica, pois, se o candidato for eleito, seu plano impactará a vida de todas as pessoas, não somente de quem nele votou. Por causa da ignorância generalizada, deparamo-nos com incontáveis e tristes cenas, durante o período eleitoral deste ano. Se as pessoas estivessem familiarizadas com a existência e importância do plano de governo, certamente votariam no plano de governo, independentemente do candidato que o apresentasse. Com tristeza, vimos pessoas defendendo candidatos de estimação, ao invés de se unirem, para eleger quem tivesse a melhor proposta de gestão, para toda a população. Quanto egoísmo! Muitas delas “autodenominadas cristãs”, tiveram a audácia de usar o nome de Deus, para justificar os ataques insanos de ódio, que dispararam contra tudo e contra todos.
Pior, ainda, foi ver que as pessoas “cristãs” levaram suas paixões políticas desordenadas para dentro do templo, atacando autoridades religiosas de todos os níveis. Preocupadas, tão somente, em mostrar umas às outras, que tinham razão, tiraram Deus e colocaram no seu lugar o candidato, para ser adorado. Parece que não foi suficiente todo tipo de ataque de ódio, feito pessoalmente e nas redes sociais. A que ponto chegamos! Não há como amar a Deus sobre todas as coisas, se eu não respeito quem pensa e escolhe diferentemente de mim. Se o Senhor fosse prioridade na vida de cada um de nós, não teríamos retornado à idade da pedra lascada!
Somos oprimidos e continuamos batendo palmas para o opressor. Atacamos nossos semelhantes, ao invés de dialogarmos faternalmente.
No final, de tudo, quem venceu as eleições governará o país para seus eleitores e não eleitores. Todos nós perdemos em sabedoria, entendimento, discernimento, amor, diálogo, humanidade. Se ainda houver um pouco de humildade, poderemos tentar retomar os laços que viraram nós, as amizades que se transformaram em inimizades, o amor que foi sufocado pelo ódio, movido por uma ignorância cegante e desenfreada, que ofuscou a realidade em que estamos inseridos. Perdemos a dignidade e despimos nosso irmão da dignidade dele. Nos fechamos ao diálogo que constrói, porque deixamos que a divisão reinasse. O diabo dividiu e tripudiou, sem que muitos tivessem essa consciência. Que saiamos da barbárie e voltemos à civilidade! Deus nos perdoe e converta, para que resgatemos a dignidade perdida e restauremos o mal que causamos aos nossos irmãos, a fim de que possamos chegar à Festa de Cristo Rei do Universo, menos arrogantes, menos prepotentes e, assim, adoremos somente o Senhor, que é digno de todo louvor. Voltemos ao primeiro amor!