O Conclave começa nesta quarta-feira (7), mas, antes de entrarem no isolamento da Capela Sistina para a escolha do novo pontífice, os cardeais participaram de 12 encontros, chamados de Congregações Gerais. Foi durante esses encontros diários que os cardeais delinearam o perfil desejado para o próximo Sucessor de Pedro. Nas Congregações realizadas ao longo dos últimos dias, os purpurados fizeram uma leitura dos desafios contemporâneos da Igreja e do mundo, apontando qualidades e prioridades que esperam encontrar no novo Pontífice.
As Congregações Gerais começavam com um momento de oração, seguido por intervenções que somaram dezenas de discursos por sessão. Entre os temas mais recorrentes, destacou-se a necessidade de dar continuidade às reformas iniciadas pelo Papa Francisco, com ênfase em áreas como o combate aos abusos, a reorganização da Cúria Romana, a sinodalidade e o compromisso com a paz e a proteção da criação.
Os cardeais ressaltaram que o novo Papa deve ser, antes de tudo, um pastor próximo do povo, capaz de escutar e de construir pontes — um verdadeiro Pontífice — em um mundo marcado por guerras, divisões internas, polarizações e crise de esperança. A imagem evocada foi a de um “rosto de Igreja samaritana”, profético, comprometido com a escuta sinodal e que ofereça luz a um mundo ferido.
A esperança expressa em muitas falas é de que o novo Papa leve adiante a visão pastoral e missionária proposta por Francisco, como expresso na exortação Evangelii Gaudium. O chamado é para que a Igreja não se feche em si mesma, mas continue sendo sinal de comunhão, de fraternidade no mundo e presença viva entre os pobres e sofredores.
Também foram abordados temas como o Direito Canônico, o papel do Vaticano e da Cúria, a unidade eclesial frente às tensões internas, o papel das mulheres na vida da Igreja, a iniciação cristã como missão, o valor da educação e a urgência da questão ambiental.
Em meio à preparação para o Ano Jubilar de 2025, cujo tema é “Peregrinos da Esperança”, os cardeais apontaram para a necessidade de um Papa que una, escute e anuncie com coragem e ternura o Evangelho a todos. Um líder que continue colocando a Igreja em saída, comprometida com a paz, o diálogo ecumênico e a solidariedade global.
As reuniões foram encerradas nesta terça-feira (6). Segundo o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, todos os esforços foram feitos para garantir que cada cardeal pudesse se pronunciar nas reuniões, colaborando com sua visão de mundo e da Igreja.
Os 133 cardeais votantes — ou seja, com menos de 80 anos — são de 70 países.