As últimas horas do Papa Francisco foram marcadas pela serenidade e por um gesto de profunda gratidão. “Obrigado por me trazer de volta à Praça”, disse o Pontífice a seu assistente pessoal de saúde, Massimiliano Strappetti, após ter sido convencido a realizar, no Domingo de Páscoa, aquele que seria seu último giro de papamóvel na Praça São Pedro.
Strappetti, enfermeiro que acompanhou Francisco desde sua internação no Hospital Gemelli e por toda a convalescença, foi lembrado publicamente pelo Papa como alguém que salvou sua vida ao sugerir uma cirurgia de cólon. Em 2022, Francisco o nomeou seu assistente pessoal de saúde. Foi ele quem esteve ao lado do Papa na manhã de domingo, 20 de abril, quando o Pontífice, após celebrar a bênção Urbi et Orbi, surpreendeu a todos ao percorrer a Praça de papamóvel, acolhendo os fiéis, sobretudo crianças.
Antes de sair, Francisco perguntou ao enfermeiro: “Você acha que eu consigo?”. E, encorajado por Strappetti, viveu um último momento de proximidade com o povo que tanto amou e a quem prometeu, desde o início de seu pontificado, caminhar “juntos”.
Naquela noite, o Papa jantou tranquilamente e descansou à tarde. Às 5h30 da manhã seguinte, surgiram os primeiros sinais de indisposição. Houve tentativa de atendimento imediato, mas por volta das 7h, já deitado em sua cama no apartamento da Casa Santa Marta, após um último aceno a Strappetti, Francisco entrou em coma. A parada cardiorrespiratória veio logo depois. Foi uma morte súbita e serena, sem sofrimento, segundo testemunhas.
Discreto quanto à própria saúde durante toda a vida, Jorge Mario Bergoglio partiu da mesma forma como viveu: com simplicidade. Morreu no dia seguinte à Páscoa, após abençoar o mundo e reencontrar o povo na Praça que tanto amava. Um fim que sela com ternura um pontificado profundamente marcado pela misericórdia, pelo afeto e pela presença próxima ao povo de Deus.